terça-feira, dezembro 28, 2010

a história de mim

contigo, a nossa história. Como tudo ficou essencial no dia do pecado. Foi preciso mudar a paisagem, alterar, recriar ...senão; iríamos sufocar.

sinto-me eu, sinto-me mesmo normal e igual a tantos outros. A diferença já não me inquieta, já não é doença.

o vento não se instala entre os braços da árvore e os ramos não ficam vazios. Começa a haver um grande espaço de beleza onde antes havia a angústia de não ser.

beleza povoada de objectivos pesados!

quarta-feira, dezembro 22, 2010

levantei-me

...e; andei pela casa gingando as ancas tu : seguiste-me ...rolando os ombros! ...na cozinha despejaste sobre mim uma garrafa de cerveja eu fiquei com vontade de te morder.

ouvimos Mozart...

- foi Mozart que ouvimos!?

toda a casa estava em festa, brindei à tua presença ...não sabia que era possível perder-te ou nunca te ter, tão só a forma de mim a adivinhar juventude.

adquirir a renúncia, o vermelho desce pelas paredes.

nunca mais será o meu sonho imaculado.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

vertigem

...de agonia; as palavras devolvem-me : clave de sol! ...em pauta de balcão de bar. Tudo o que fomos é de uma feliz consequência a sentir que faz de conta quando eu parto de ti.

a amor de um homem (?) há sempre um que ao som de quantro tangos loucos me mata o amante, passado o tempo até o nome lhe esqueço ...um dia murmuro-o.

perdida num longínquo porto sem cidadania, grandiosa utopia, tão real como a construcção de um sereno quotidiano.

sábado, novembro 27, 2010

tranquila a imagem

...surge do canto superior esquerdo : um marinheiro efebo com a cabeça coroada de plumas. O paraíso é tropical. Suspiro após suspiro vou enterrando alguns sonhos, alguns antigos outros fogos fátuos que apareceram de repente entre duas (des) ilusões

ainda! à procura de ti.

o sentimento feito palavra muda. Uma alegria forte como rabo de serpente prende-me aqui. Esqueci tudo.

directo nos teus olhos, o meu olhar : agora.

segunda-feira, novembro 22, 2010

prazer

...enigma ou força, tudo junto sou eu com vontade de voltar. Todo o meu eu é voz : apenas som. Caminho em noite que se quer de verão quente.

o Marinheiro volta-se e sorri.

a mim que rubra, lembranças que tilintam:

- és as pedras do meu whisky. Foi sábado, magnífico, doirado com gelo.

o mar, a lua ...aha o farol! Guardião da Capital ...grande e branco tal qual um ganso de pescoço levantado.

domingo, novembro 21, 2010

um pássaro

...pintassilgo, o mais das vezes dentro e, no chilreio frívolo : do teu destino chilro!

pois; é o que te digo!

segunda-feira, novembro 15, 2010

amei-te

múltiplas circunstâncias do amor que medrou, movimento de panos coloridos. A procura dos meus olhos pensava : macio era o teu corpo.

sonhava com o farol, de branco era pintada a porta do quarto.

enterrei o local contigo, danço com o mar.

sexta-feira, novembro 12, 2010

(...)

abertas as portas somos a inundante poesia. Virgem Maria! ...são as noites de luar abandonadas ao riso.

e,

então eu encontro mil anos de mim ...meu amor.

quinta-feira, novembro 11, 2010

INVOCAÇÃO

...tempo de sonho - subversão activa! ...integrada, num desejo de pôr do sol.

tempo medido pela clepsidra de líquidos desejos, idos vão estando os tempos : qual fantasia! olhei-te de longe com discreto entendimento essa minha, oblíqua, feminina forma de olhar.

DANÇA!

segunda-feira, novembro 08, 2010

de volta pensava

...deve ter havido engano, pensava num tempo ...luxo.

sonho azul, pôr do sol - anjos loiros e música de violinos, palavras de postal ilustrado de desejo, frio de aterecer imenso; crisóptero, intransmissível, ascenso...

pensava no tempo que das mãos se vai!

domingo, novembro 07, 2010

estavas longe.

Eu também quero uma onda, vaga a apagar os outros que fomos.

o azul soprando as candeias gritando no escuro : dança!

de olhos fechados andamos imperativas horas líquidas esquecidos a ser.

sábado, novembro 06, 2010

tranquila a imagem

...surge do canto superior da sala, a cabeça coroada de plumas, o sorriso ela : rubra! cigarro após cigarro;

- mais gelo?
- naturalmente.

a cidade vive paixões agitadas, em algum lugar, transborda humanidade. Eu sei, que se me esconde despudorada a vida! ...desta cidade.

sexta-feira, novembro 05, 2010

caminhar de mãos dadas

na fadiga e na cidade intensos eram os olhos : luminosos. Na pele!

quinta-feira, novembro 04, 2010

da janela

da cozinha vejo os pássaros voar em direcção ao sul. O que há em mim de essencial quer ir com eles ou então dançar com desejos de morrer ou então sonhar : vivos sonhos!

dar um pontapé no novelo do destino ...nunca mais amei ninguém.

como te amei a ti ...queria ser só esse espírito leve que me anima e desanima aqui na minha cozinha.

domingo, outubro 31, 2010

transbordar

de mim em qualquer coisa que me toque até às lágrimas. É à minha mocidade que regresso no teu olhar; essa arte tão antiga que tu tens de me punir pela extravagância de sorrir.

se nunca me tivesses amado, seria livre de querer estar, ou ficar, ou partir assim : sofro de nada.

segunda-feira, outubro 25, 2010

a conversa de mim contigo

...uma autêntica alegria a perder-se como no mar, a mais límpida gota de água. No país claro, o homem no seu território deve albergar os desprotegidos... mulheres.

volto sempre ao amor; tudo foi prolongado até ao limite do ser. Queria sorrir de triunfo e punir as entranhas que ainda acreditam que, não me sabem de cor, os seres que me exigem.

o meu romance preferido anda pobre : deram-me um papel de segunda categoria!

a cidade do país chama-se vivida... Eu reajo a este vivo ser que vive comigo.

sexta-feira, outubro 22, 2010

na solidão

de mim, tenho um distanciamento de deus frente ao incidente. A cidade a meus pés na minha cabeça.

a mesma melodia.

quero brincar, não sou inocente; fascino-me ...todas as fantasias de todos os anos:

- lembras-te!?

este país exulta-me as veias : espaço de sol.

hoje vou fazer uma extravagância aliás, faço isso todos os dias. Engrandecer o quotidiano, entre deus e o diabo à procura do sublime

...assumir o destino!


domingo, outubro 17, 2010

sou aquela

que é : capricho de sucessivas morais. Um homem perturba imensamente, ter os olhos frios como diamante e a pele lisa ficando eu com um ar de pérola tratada, essa ideia de morte sem exaltação.

de uma forma resignada sofro a ausência. Estar viva a queimar momentos de espera ...a não perturbar, incomodar ou espalhar este rubro estar; num abstracto tempo ao acaso e, enquanto se cria espaço.

(palavras que levam a outras, contínua e anestesiante passividade dos dias) Eu sou o ser abstracto que comigo se cruza tu és a moléstia que por mim cresce.

sexta-feira, outubro 15, 2010

a casa

repousa agora com vontade de ficar tranquila. De aqui até à morte há gente que só sabe andar em frente : providencialmente; bebendo vinho branco em copos de pé alto.

o espaço por onde passeio no desespero do repouso : grassa.

dentro de casa, de longe ...chega a certeza de ter dormido em teus braços.

estranho!

um dia

...gritava em casa - em silêncio; de punhos cerrados.

quinta-feira, outubro 14, 2010

a cidade

...não é como a sonhei! queria voar para cima da catedral. Já há muito que a realidade deixou de me interessar : disciplina de pássaro.

explico-te o azul da noite e a esquerda no poder, os socialistas nos bares. A festa ainda vive na cidade.

da vida ficará o gesto; desencantamento. A procura é vertical.

tudo pode começar outra vez até à exaustão "dejá vu" ou lima limão.

talvez o provocasse, somos todos gente afinal ... os pássaros cortam o céu.

as estrelas brilham em feridas.

quarta-feira, outubro 13, 2010

palavras ...

são silêncios fatais de fado. Fascinante! ...pensava ela feita cidade, corpo de mito que se movimenta e dança. Tenho a paixão dentro de mim, um desejo surdo e maligno do teu corpo. Quero saber como é a curva das tuas costas, conhecer o gosto da tua saliva, saber a morte que te habita, enterrar o nariz nos teus cabelos, olhar-te nos olhos e sabê-los de cor.

toca-lhe ou ensaia a festa nos cabelos de vento; fique bem clara a ideia do corpo soberano, personagem da cidade feita gente. Gosto do teatro : ela, mulher confusa e nascente a amar um homem.

a casa enche-se dos dois, palavras voam no tecto. A revolução, a fantasia e o perigo.

o corpo sonhado!

domingo, outubro 10, 2010

o tempo mudou

e; ouvem-se os beatles, lêem-se livros proibidos, fala-se da guerra e da revolução. Fala-se de amor... mini-saia, "venham mais cinco..." cabelos compridos, calças de ganga wrangler e já ela tem vinte anos bela e louca por entre os cravos tudo vai ser agora fogo eterno no vento a assobiar slogans a um que bebia gin e outro que bebia whisky assim sendo : leram-se todos os livros vindos de frança e descobriu-se mulher na outra iniciação a efervescer a pálida cidade.

É uma alegria ligeira um som de acordeão um copo de vinho novo e um queijo fresco ah! ...a cidade é adolescente pela primeira vez é um delírio branco à beira mar ela é um ser alado, olhos em brasa, angustiada, dividida, fragilizada, apaixonada.

sábado, outubro 09, 2010

a menina

senta-se a medo na carteira da escola, senta-se na pontinha do banco da carteira está sentada e fita a régua na mão da professora. A professora tem aquele jeito ...de a ter sempre à mão!

...a régua de um só buraco e uma longa faixa amarela com centímetros, vivo cinquenta centímetros da tua mão à minha palma se me bates : fica o redondo do buraco a lembrar a dor.

abrem-se os livros de imagens cândidas, cores desbotadas da vida campestre e canteiros de rosas pálidas e imagens de santinhos e virgens.

tomar gosto por bordados, os lavores, o sonho da casa, um marido de camisa branca com as mangas arregaçadas e uma enxada em riste.

deixa que o vento acaricie os teus cabelos criança do tempo descuidado.

quinta-feira, outubro 07, 2010

devagarinho

a menina deixa o vento acariciar-lhe os cabelos tem um vestido de popeline às flores leva na mão a pasta da escola. As escolas eram todas iguais... dantes!

brancas, com o escudo nacional, parque de recreio e uma estrada para raparigas e uma estrada para rapazes.

a professora de bata branca, imaculada. Tal um médico; pelos ombros uma blusa de malha, colar de pérolas.

por altura da quarta classe já as raparigas olhavam para as miúdas do liceu, com batas de outra cor, eram as "caixinhas de pó de arroz".